segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
domingo, 12 de janeiro de 2014
Subi a S. Cristóvam
Num destes dias direccionei
a agulha para S.Cristóvam.
À medida que ia subindo
o caminho até à Portela de Paredes, fui reparando na degradação que as pequenas
parcelas de terreno adquiriram pelo abandono da agricultura; aquelas parcelas
que deram pão e vinho, e sustentaram gerações. E o abandono, que trouxe
vegetação densa e incontrolada, despertou o apetite naqueles que, sem alma, sem
civismo, sem consciência ambiental e sem norte mental, reduziram a negro pelo
fogo o verde e desnudaram a crosta, transformando a manta morte em cinzas que,
arrastadas pela água das chuvas, empobrecem e desertificam.
Segui pelo caminho velho,
entre as terras do “Escaleira” e terrenos meus. Aquele caminho plano, ladeado
por muros antigos, de pedras em bruto e toda a paisagem envolvente, emprestam
ao local beleza impar.
Depois de ter feito uma
visita aos meus terrenos, lá subi ao Outeiro de S.Cristóvam. Trepei ao penedo
maior e lá estão, escavadas na pedra, as
marcas deixadas pelos nossos antepassados. Dali se vislumbra paisagem de
excelência, com domínio sobre as serras da Cabreira e Gerês, com horizonte visual
que se estende até ao limite poente da freguesia Ruivães e observação plena
sobre Fafião, Pincães e Cabril.
E ali me deixei
extasiar por toda a envolvente e cogitei: que povo, que gente, que organização
social, que modo de vida ali teria existido?. E que crenças ou Deuses os
guiaram ?... Que importância social teriam os mortos
sepultados nas sepulturas escavadas na rocha granítica? Que templos ali teriam
existido?
Já no recato do lar, de
pantufas calçadas, lembrei-me de uma interpretação produzida pela Unidade de
Arqueologia da Universidade do Minho sobre o povoado de S.Cristóvam, em
documento para proposta de classificação como Imóvel de Interesse Público (ou
Sítio de Valor Regional), que a seguir transcrevo:
“Interpretação: Com base na ergologia dos materiais, interpretamos
o primeiro conjunto de vestígios como ruínas de um povoado ocupado em época
romana. Dominando a encosta que faz a passagem do vale do rio Cávado ao vale do
rio Rabagão, o povoado de S. Cristovam revela uma estratégia de implantação
claramente relacionada com a passagem da via romana XVII, que ligava Bracara
Augusta a Aquae Flaviae. Pode até admitir-se, tendo presente o achado dos
miliários da Portela de Rebordelos (ou Rebordendo) e de Botica, que o seu
traçado servia directamente o povoado de S. Cristovam. Considerando o contexto
arqueológico próximo, em que se destacam os povoados fortificados de Outeiro do
Vale, Ruivães e de Linharelhos, Salto, pode considerar-se que o povoado romano
de S. Cristovam seria um importante vicus, podendo inclusivamente colocar-se a
hipótese de corresponder à mansio Salacia, uma das três que serviam a via XVII
entre Braga e Chaves. O segundo grupo de vestígios interpretam-se como ruínas
de um povoado medieval, o qual julgamos corresponder à sede de S. Martinho de
Vilar de Vacas, freguesia referenciada nas Inquirições de 1258 e da qual terá
evoluído a actual aldeia de S. Martinho de Ruivães. Da aldeia medieval de S.
Martinho de Vilar de Vacas pode dizer-se que era sede de um território bastante
povoado - no século XIII incluía as aldeias da actual freguesia de Campos,
factor que terá contribuído para que mais tarde, já como Ruivães, tenha
atingido o estatuto de concelho.”
E, no mesmo documento,
aquele reputado organismo de investigação concluiu tratar-se “… de local de inegável valor histórico e
cultural…”.
E então perguntei a mim
mesmo: Porque razão não se valoriza, protege e preserva tal património? Porque
não se utiliza como mais-valia para a afirmação de Ruivães nos roteiros do património
a visitar? Porque não se utiliza aquele património para fazer parar visitantes
em Ruivães? Porque não se sinaliza com placas orientadoras o acesso àquele
local?
São perguntas…
Mas fazendo a leitura atenta da interpretação atrás
transcrita, ali são referidos dois conjuntos de vestígios de ruínas, sendo um
da época romana e outro de um povoado medieval. Presumo que o medieval seja
também relacionado com os indícios da existência de uma igreja no local. E foi
nesta presunção que me lembrei da cruz granítica existente no exterior da
igreja de Ruivães, colocada à direita da porta principal.
Aquela cruz está
assente numa base cúbica, cujas faces
laterais ostentam formas geométricas em losango
esculpidas, e a frontal quatro quadrados separados por uma cruz simples.
No quadrado frontal inferior esquerdo estão esculpidas, embora de forma quase
imperceptível, uns caracteres enigmáticos.
Embora não saiba precisar em que circunstâncias memorizei tal informação, certo é que quando
ainda criança, apreendi que aquela cruz fora transferida de S.Cristóvam para o
local onde se encontra actualmente. Haverá de certo alguém entendido na matéria
que saberá desmistificar a minha dúvida e também interpretar os sinais
esculpidos na base da cruz. Contudo, não me parece que o estilo daquela cruz seja
coincidente com o estilo arquitectónico da igreja.
Uma coisa é certa,
Ruivães tem história e património, mas …
Mas já agora um outro
reparo: Porque razão a base da aludida cruz se encontra parcialmente enterrada
no cimento? Não seria sinal de bom gosto a respectiva elevação?
E por aqui me fico por
agora, na ânsia do meu humilde
contributo…
Braga, 11 de Janeiro de
2014
Fernando Araújo da
Silva
sábado, 11 de janeiro de 2014
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Natal 2013 de Portugueses pelo Mundo
A necessidade de encontrar melhores condições de vida, sem que com isso tivéssemos e sei que somos muitos, esquecido o “cantinho” que nos viu nascer, muitos filhos da freguesia de Ruivães, concelho de Vieira do Minho, espalharam-se pelos mais variados cantos da rosa-dos-ventos, o que determinou que pontualmente o Natal de muitas famílias ainda que obedecendo tanto quanto possível a uma vincada tradição, se realize em locais diferentes dos das nossas origens!
Assim aconteceu há cerca de um quarto de século, na companhia da minha mãe e dos pais do meu cunhado, quando os levei de comboio até Paris para passar o Natal com a minha irmã Albina, cunhado Albino e filhos Carlos e Bruno. Este ano, não me sendo possível, infelizmente, ter por companheiros de viagem as pessoas que atrás refiro (já não estão entre nós), fiz-me ao caminho com a minha mulher e as minhas filhas para com os familiares aí residentes passarmos esta data festiva em fraterna comunhão.
Durante o dia 24 preparou-se tudo para o jantar de consoada, que começou por volta das 20 horas. Nos preparativos foi prestada especial atenção ás doçarias que, tradicionalmente constavam de rabanadas, aletria, mexidos, leite-creme, formigos, sonhos, pão-de-ló, bolo-rei, figos, uvas, passas, fatias-douradas, azevias...
As crianças (filhos do Custódio e Carmen e dos meus sobrinhos Carlos e Delfina), eram uma presença constante e barulhenta que emprestavam um ar festivo, com as suas brincadeiras e correrias. O Carlos e o Albino ajudavam as mulheres (D. Arlinda, Albina e Delfina), nas tarefas mais pesadas e tratavam das bebidas e dos aperitivos, enquanto eu, as minhas filhas e o Bruno localizávamos na saída da auto-estrada de uma das inúmeras portas do “Phréferique de Paris” o meu cunhado Arlindo que viajou da Suiça para nos fazer companhia neste jantar familiar.
Para um português, como manda a tradição natalícia do norte, na nossa consoada foi servido o bacalhau cozido e o polvo, acompanhados por couves portuguesas, batatas e ovos cozidos, tudo bem regado com azeite e servido um vinho tinto de excelente casta!
No entanto, os portugueses emigrantes (os meus familiares não foram exceção) têm adoptado como seus os sabores de outros países, servindo-os como petiscos a consumir. Foi o caso do champanhe, dos patés e foie-gras, das ostras, do camarão e do caviar, símbolo de opulência e bem viver que nos fará, segundo eles, entrar no Ano Novo de 2014 com o pé direito!
Durante o jantar, para além de outros familiares, lembramos os nossos conterrâneos que estão perto ou longe, os mais pobres, os mais sofredores da crise e aqueles que vão perdendo a esperança no Menino que sempre quer estar connosco, para todos um Santo Natal com promessas de Novo Ano melhor!
Por fim, veio o ritual das prendas, que nada tem a ver com a nossa tradição de há alguns anos. Outrora as prendas colocavam-se nos sapatos e tamancos junto à lareira e abriam-se pela manhã do dia 25. Hoje, espera-se pela meia-noite para se abrirem os presentes. Batidas as 12 badaladas, as crianças, sem conseguir conter a excitação, correram para junto dos presentes deixados pelo Menino Jesus, os quais entregues pelo Bruno, vestido de Pai Natal, rasgaram sofregamente os papéis dos embrulhos, na ânsia dos brinquedos novos!
Sendo o Natal sinónimo de reencontro da família, o qual têm um grande pendor religioso, no dia seguinte, não dispensei e a maior parte dos meus familiares, de assistirmos à missa solene do Natal na “Basilique du do Sacré-Coeur de Montmartre, présidée par Monseigneur Michel Aupetit, évêque auxiliaire”, para festejar o nascimento de Jesus.
A todos, saudações de Boas Festas!
Guilherme Gonçalves (Casa do Brás – Espindo)
(carregar nas fotografias para melhor visualização)
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