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quarta-feira, 16 de abril de 2025

«Caminhada Nascente do Ave ao Talefe»







Retirado d' O Jornal de Vieira nº 1219 de 15 Abril 2025

«O projeto “A Serra da Cabreira em Família”, da Autarquia Vieirense, realiza a 27 de Abril uma caminhada para famílias e grupos de amigos que apreciam a natureza e o património cultural.

O trilho “Da Nascente do Ave ao Talefe”, com cerca de 6,5Km de extensão, tem início marcado para as 9h30, junto à Igreja Paroquial de Ruivães, e propõe-se explorar alguns dos locais mais emblemáticos da Serra da Cabreira, tal como o Talefe, a Nascente do Ave, os Fojos do Lobo e as Cabanas de Pastores.
O conhecido cume da Cabreira, o Talefe, situa-se a 1262 metros de altitude e presenteia os visitantes com uma paisagem panorâmica sobre as aldeias serranas, albufeiras e a Serra do Gerês. Encontramos ainda um parque eólico, bem como um posto de vigia dos Serviços Flores­tais. Aqui, o visitante é sur­pre­endido com o som dos cho­calhos, o mugido do ga­do barrosão e o relinchar dos Garranos.
A Nascente do Rio Ave, recentemente requalificada e devidamente identificada, situa-se a cerca de 1200 metros e enquadra-se nu­ma bonita e tranquila envolvente natural densa­mente arborizada. Aqui reina o silêncio que apenas é interrompido pelo som da natureza.

A participação na cami­nha­da é gratuita mas requer inscrição prévia obrigatória através do formulário online disponível nas redes sociais do Município de Vieira do Minho.»

terça-feira, 8 de abril de 2025

«Berço, resiliência e superação»





Retirado d' O Jornal de Vieira de 1 Abril 2025


«Quando me perguntam onde nasci, tenho por hábito, em tom de brincadeira, dizer que nasci “para lá do Sol posto”, o que geralmente origina a pergunta “onde fica isso?..”. É nesta circunstância que informo que nasci no lugar da Quintã, da antiga freguesia de Ruivães e concelho de Vieira do Minho, cuja localização se situa nas fraldas da serra da Cabreira, a norte desta. Daí que o Sol, nos dias de finais de outono e durante o inverno, quando nasce (se é que nasce), surge sensivelmente por cima do lugar de Zebral na Cabreira e vai emprestando a sua luz ao longo do dia, embora com intensidade diferente, a todos os lugares da freguesia (os lugares de Frades e Soutelos menos beneficiados devido à sua localização mais encoberta), até que se esconde de novo por trás da Cabreira. Ora o dia solar naquelas paragens é influenciado pela configuração da serra, o que origina que os dias solares ali sejam mais curtos do que para sul e oeste da mesma. Vem daí a minha alusão ao “para lá do Sol posto”.

Pese embora as contingências solares, a grandeza daquelas paragens e das suas gentes está mais do que confirmada pelas referencias históricas nos mais diversos documentos, sendo de destacar a “Carta de Foral” concedida no ano de 1363 por D.Pedro I à velha “Villar de Vacas”, hoje Ruivães, bem assim pela importância administrativa que manteve ao longo dos séculos como cabeça de concelho até à reforma administrativa de 1834.
Mas foi a determinação, o empenho e a resiliência daqueles que com a robustez física e mental, própria de quem não se verga às contingências da brutalidade da região, que desbravou montes, construiu muros para sustentar a terra que cultivou, abriu caminhos e enfrentou animais selvagens em guarda dos seus e dos demais, proporcionando condições à formação de aglomerados populacionais que se perpetuaram até aos dias de hoje.
Gente honrada e trabalhadora que se espalhou pelos vários cantos de Portugal e pelo mundo, que com ela levou o orgulho de pertença a um território que, embora de importância política, administrativa e estratégica, não se afirmou com recursos económicos, sociais e infraestruturais de modo a garantir condições de vida condigna às populações que nele se fixaram e que a partir dos anos setenta do século vinte foram diminuindo, por abandono ou não renovação de gerações. Predomina a micro propriedade, onde a agricultura de subsistência, ao longo de séculos, foi a principal fonte de sustento e que foi abandonada por os padrões de vida exigíveis de há varias décadas assim o imporem.
Nas décadas de sessenta e setenta do século XX, raro era o jovem, principalmente das casas de famílias mais numerosas e com menos terras para cultivar que, concluído o ensino primário, por vezes com doze ou treze anos, não fosse enviado pelos pais para servir nas cidades de Lisboa ou Porto. Sendo assim poupados à vida “escrava” do trabalho nas pequenas e improdutivas courelas, aliviando também o numero de bocas a alimentar e promovendo algum retorno financeiro de ajuda de filhos aos pais. Foram, mas não voltaram.
A condição social era muito baixa e poucos tinham a esperança de ascensão. A minha família também se enquadrava nessa condição. Éramos nove irmãos que, graças ao empenho dos progenitores, embora analfabetos, conseguiram incutir princípios orientadores para a vida que surtiram excelentes efeitos. O pai, homem honesto e muito trabalhador, sempre de ar sereno e carinhoso, granjeava o sustento em trabalhos diversos a par do cultivo das pequenas parcelas. A mãe, doméstica, sempre atenta a eventuais desvios dos descendentes, disciplinava e incutia o espírito de trabalho, honestidade e exemplo e sempre dizia que não queria que seus filhos tivessem a vida que ela tinha, obrigando-os aos seus deveres, tanto escolares como católicos. Também, quando concluíam o ensino obrigatório, pelos doze, treze anos de idade, eram enviados para servir tal como outros conterrâneos. E que bem fizeram os meus pais….
Também eu, com doze anos de idade, fui trabalhar para a cidade do Porto, como empregado de comércio. Hoje seria exploração infantil. Mas, se assim não fosse, a tal ascensão social não teria acontecido, tanto na minha família como nas demais. E com muito orgulho posso hoje dizer que, de dois bons cidadãos humildes, analfabetos e agricultores, de “lá de trás do Sol posto”, na terceira geração (netos dos bons cidadãos), temos um Doutorado em Engenharia Civil; uma médica; uma professora do ensino especial; uma engenheira; uma licenciada em multimédia e cinema e vários cidadãos/cidadãs honestos trabalhadores no país e no estrangeiro, que pese embora o seu distanciamento das paragens ruivanenses, são o sangue que honra a terra e os seus antepassados.
O nosso berço, o meio onde se nasce, se cresce, se brinca, enfim, o ambiente em que uma pessoa vive desempenha um papel fundamental na sua saúde e na sua capacidade de ultrapassar obstáculos e enfrentar desafios, contrariando a ideia de pobreza endémica, persistente, sistémica, iletrada, que geralmente se transmite de pais para filhos.
E foi daqueles territórios, onde a rudeza agreste moldou caracteres, que foram libertados cidadãos que engrandeceram outras paragens e com eles levaram o orgulho de pertença a Ruivães, seja qual for o lugar de nascença (Ruivães, Quintã, Vale, Frades, Botica, Santa Leocádia, Soutelos, Paredinha, Zebral ou Espindo).
E “para lá do Sol posto” há gente que lhe corre nas veias o sangue dos bravos que desbravaram montes, que resiste, teima e não se deixa vencer pelas contingências do abandono do interior de Portugal!

Fernando Araújo da Silva
2025-03-28»

domingo, 1 de dezembro de 2024

«S. Martinho, Caminhada e os Lobos»


 

«Inauguração do Largo Amadeu Gaiteira»


 

«Nova direcção de Compartes dos Baldios»


 

«29º Aniversário da Secção de Bombeiros»


 

«Ser "Velho", é...»



 

«Montaria ao javali em Zebral»


 

«Uma carta ao meu país»


 

«Monsenhor Alberto José Gonçalves 1924-2003»