domingo, 27 de julho de 2014

Soutelos




1 comentário:

Anónimo disse...

Nesta fotografia a vida ressalta aos nossos olhos, nas suas diversas nuances.
Uma casa antiga, de pedra, com rés-do-chão e primeiro andar, como noutros tempos em que o homem vivia no piso superior e os animais ao nível da rua.
Como ar quente sobe, a respiração da bicharada servia de aquecimento central a todo o edifício e aqui temos / tínhamos uma forma económica de climatizar as habitações.
Reparo na beleza da porta e como a verga superior serve para a colocação de vasos, que sempre animam uma casa, com a sua policromia e até o seu aroma.
Reparo na roupa estendida, nas escadas de castanho encostadas à frontaria e nas gaiolas, cujos "habitantes" hão-de ser bem felizes, neste ambiente saudavelmente bucólico.
Inclusive as ervas que crescem espontâneas também têm a sua beleza e a mangueira lá está, à espera da hora da rega.
Aqui ainda há vida, uma vida simples e despretensiosa, mas muito saudável e muito pura.
Não se trata de um tugúrio, porque o que aqui apreciamos é um quadro do passado a embelezar-nos o presente e a gritar bem alto que a Felicidade não se encontra no "ter", mas no "ser" e que viver assim perto da natureza é um privilégio de que já poucos gozamos.
Por vezes sinto uma certa nostalgia destas formas simples de vida e uma certa inveja (no bom sentido da palavra) para quem assim consegue viver, com tanto... e com tão pouco.
Para sermos felizes não são necessários grandes palácios, bons carros nem outros luxos supérfluos a que nos habituámos e que, por vezes, até nos prejudicam.
Como dizia alguém, habitação mais ou menos todos vamos tendo, mas um "Lar" no sentido mais profundo e mais lato da palavra... é muito difícil de conseguir.
E é preciso tão pouco para o edificar! Desde que se cultive a Paz e o Amor e que a vida se partilhe... o Lar ergue-se inabalável e a felicidade surge naturalmente.
Apesar de ter uma casa mais ou menos boa onde morar, aqui deixo a minha pública confissão de que, muitas vezes, me sinto um sem-abrigo, caído na beira do caminho, com dificuldade em me reerguer!

Ruivanense Adoptivo