quinta-feira, 15 de maio de 2008

Saltadouro










Acaçapadas nos seus contrafortes, humildes e envergonhadas, como revoada de pombas foragidas, lobrigavam-se as pequenas aldeias geresianas de Ermida, Fafião, Pincães e Cabril, rodeadas de matagais de medronheiros, carvalhos e azevinhos serpeados de veredas. Mais perto, quase a seus pés, regougava o Saltadouro, precipitando-se de fraga em fraga, cheio de espuma e ira, como cabrito montês fugido a implacável caçador. Visto de cima, o rio parece um fosso infernal, separando encantado castelo roqueiro. Pelas margens pedregosas e protegido por enormes lapas, um ou outro moinho espirrava um jacto de água a que o sol arrancava cintilações platinadas de efeitos surpreendentes. Em cima, ao pé da vila, via-se a histórica ponte romana, ou da «rês», na toponímia popular, que dava passagem à antiga estrada militar que se dirigia a Aquae Flavia (Chaves); ao fundo a ponte do Saltadouro ou ponte Nova, sob a estrada de Montalegre; e, para lá do rio, avistavam-se as célebres e enfadonhas voltas de Salamonde uma série de apertadas curvas em torcicolos de saca-rolhas com que a mesma estrada ia subindo a íngreme ladeira.



Texto retirado do livro “O Mutilado de Ruivães”.


1 comentário:

MoonLight disse...

Que foto!!!!!!!!!!!!! :)
Bjs de Luz*