domingo, 3 de março de 2013

O último Capitão-Mor de Ruivães, José Maria de Miranda Magalhães e Meneses




"José Maria de Miranda Magalhães e Meneses (1777-1832), foi o último capitão-mor de Ruivães, pois os corpos de Ordenanças foram extintos em 20 de Julho de 1832, doze dias depois da sua morte. Tiveram uma existência de 262 anos.
Sucedera a seu pai, António Luís de Miranda Magalhães e Meneses, não só nas funçoes de capitão-mor mas também como senhor da Casa de Dentro e administrador do vínculo de Ruivães. Era escudeiro e cavaleiro fidalgo e homem de grande poder e autoridade. Miguelista convicto e lutador corajoso, recusou a escolta de duas Ordenanças que um sargento lhe propôs para o acompanhar até ao Gerês, quando já andavam nos ares ameaças à sua vida.
- 'Quando eu desço destas escadas - respondeu com altivez - até aquelas colunas tremem em me ver!'
Seguiu apenas na companhia de um filhito bastardo de 8 anos de idade e de dois fiéis criados armados. Ao passarem em Vilar da Veiga, os serviçais entraram numa taberna para 'matar o bicho' com um gole de aguardente e o Capitão-Mor e o filho foram andando. Eram as 8 horas da manhã de domingo 8 de Julho de 1832.
Um pouco adiante, ao chegarem ao sítio da 'Assureira', quando o Capitão-Mor se afastava um pouco do filho, soaram de repente quatro tiros de caçadeira, disparados por três homens emboscados atrás de uma barreira. O Capitão-Mor, ferido de morte, cai por terra da muar em que seguia montado.
Ao ouvirem os disparos, os criados correram a toda a pressa para o local mas já não toparam os assassinos que fugiram pela ladeira acima em direcção a Ruivães.
Por informações de uma mulher que ali perto andava a regar e presenciara tudo desde as 3 horas da madrugada, os criados concluíram, pelos sinais fornecidos pela mulher, que os assassinos eram dois serviçais e um caseiro da Casa do Corvo do Vale, de Ruivães.
Embrulharam o cadáver da vítima em dois cobertores que ataram com cordas a uma escada e montaram-no sobre outra muar, regressando a Ruivães. Ao chegarem à ponte velha já muita gente ali estava à espera do malogrado Capitão-Mor, pois a alimária que este montava, espavorida, alcançara Ruivães apenas com um pedaço da cabeçada e dera o alarme.
Mas a tragédia não ficou por aqui.
Pouco depois de terem descido o cadáver da vítima à porta da Casa de Dentro, ouviram-se vários tiros e altos gritos para os lados do Vale. Soube-se que dois dos assassinos haviam sido mortos por amigos do Capitão-Mor e que mais serviçais da Casa do Vale teriam sido abatidos se não se tivessem posto em fuga, constando, mais tarde, que, por terras de Espanha, se haviam refugiado no Brasil.
Atribui-se geralmente o assassínio do destemido Capitão-Mor a ódios políticos, mas foi voz corrente entre o povo que o caso envolvia também uma questão de amor...
Sem a morte do voluntarioso Capitão-Mor nunca o concelho de Ruivães teria sido desmembrado.
No Arquivo da Casa de Lamas, em Vieira do Minho, consta como data da morte do Capitão-Mor o domingo dia 8 de Junho de 1832. Ora, consultando um calendário perpétuo dá-nos o dia 8 numa sexta-feira. Tudo indica, portanto, que houve lapso no registo do mês: o dia 8 de Julho é que caiu num domingo. [...]"

nota do romance histórico "O mutilado de Ruivães - Das invasões francesas às lutas civis", de Mário Moutinho e A. Sousa e Silva, Braga, 1980







2 comentários:

Anónimo disse...

Felizmente esta Casa cheia de História encontra-se em muito boas mãos e é uma verdadeira maravilha.
A sua recuperação é excelente e tudo foi pensado ao pormenor.
O último Capitão-Mor de Ruivães, onde quer que se encontre, certamente sentirá um grande orgulho por saber como o seu palácio está tão bem preservado.

Ruivanense Adoptivo

Carlos Alberto Pires Martins Pereira disse...

A casa do senhor José Maria de Miranda Magalhães e Meneses,o último capitão-mor de Ruivães,está em muito boas mãos,é uma casa de turismo que deve ser visitada,o atual proprietário também é um, de Miranda,uma boa família que aprecio.