sexta-feira, 20 de março de 2009

Antroponímia de Ruivães
















Para quem não saiba, “Antroponímia” é a ciência que estuda os nomes. Não querendo armar em estudioso, dei no entanto comigo a pensar em nomes de pessoas (e famílias) que, desde os meus tempos de gaiato, povoaram a vila. Alguns dissiparam-se ao longo dos tempos. Outros garantiram descendência, e ainda hoje avivam a nossa memória dando-nos a certeza de que Ruivães foi, é e nunca deixará de ser uma terra com um rico historial humano.
Muitos dos meus conterrâneos chegavam a ser tratados por apelidos que nem afinidade tinham com o seu nome de família. Outros, por alcunhas cuja origem até os próprios desconheciam e que aceitavam serem tratados assim, naturalmente, sem preconceitos. Mas como há alcunhas e alcunhas, algumas eram menos bem aceites, e só “nas suas costas” eram utilizadas para designar pessoas ou famílias. Alguns destes exemplos: Pançuda, Calhordas, Preguiça, Côdeas, Farôco, Má Raça, e outras mais. Noutras situações ainda, por infelicidade dos próprios, eram conhecidos como Marreco (ou Marreca), Zarolho, Mudo, Maneta, Gago e num caso especial houve também um Seis Dedos. As profissões, serviram também para identificar muitas famílias, como os do Ferreiro, do Cantoneiro, do Latoeiro, do Azeiteiro, do Caseiro, da Moleira, do Sapateiro, do Tamanqueiro, etc. Deste grupo havia quem tivesse apelidos profissionais, sem se conhecer actividade inerente a tal, como do Gaiteiro, do Vigário, do Guarda, etc. Depois, aparecem animais ligados a nobres famílias, como do Grilo, do Pinto, do Lagarto, da Moucha (não sei porquê o feminino de Moucho do Deffim (um simpático animal marinho que veio parar às bandas da Cabreira), do Gaio, do Cuco, e ainda “no activo” temos o simpático Rato, a quem aconselho cuidado, porque também no lugar de Vale existe uma família Gato! Para finalizar a bicharada, temos mesmo os do Bicho (que bicho é, não sabemos). Matérias diversas, utensílios e outras referências, identificam destacadas famílias ou pessoas singulares, como: Quintas, Cabaças, Borras, Geadas, Manta, Panela, Pena, Viola, Troncha, Torga, Casulas (deveria ser “Casulos”), Vinténs, Mota, Machado, Escaleira, etc. E que dizer de alcunhas cujo significado é uma incógnita? São nomes, que o dicionário dificilmente define, como: Marau, Zébia, Fusco, Goucha, Quica, Couceiro, Tiroliro, Turgal, Négus, Raimoura (ou Reimoura!), Batoca e outros. Havia também (e ainda há), poderosos apelidos como: Rijo, Valente, Fortes, etc. Localidades há que estão representadas pelo nome das nossas gentes, como Vieira, Campos, Caniçó, etc. Algumas “qualidades”, foram também adoptadas para definir algumas famílias, como: do Santa, de Santo Amaro, do Rei, do Mundo, do Palavra, do Leal, do Galego, etc. Não posso deixar de evocar, figuras típicas que animavam o quotidiano de Ruivães, também eles conhecidos por nomes singulares, como: o Zé dos Figos, o França, o Rochinha, entre outros, não esquecendo uma incomparável figura (felizmente ainda vivo) o Lelo. Mas diminutivos carinhosos como algumas pessoas eram conhecidas, não faltavam. Por exemplo: Aninhas, Mariquinhas (ou simplesmente Quinhas), Bina (ou Bininha), Julinho, Amadeusinho, Luisinho, Xiquinho, Bia, Lai, Lete, etc. Para finalizar, será justo referir famílias que por terem nomes comuns, não deixam de estar ligadas à história de Ruivães. Assim, o meu tributo aos do Sousa, do Abel (ou Mota Campos), do Fraga, do Bernardo, do Hermínio, do Cristóvão, do Ambrósio, da Suzana, do Paulos, da Rita, do Samuel, do Macedo, do Maximino, do Manolo, do Morgado, do Mateus, e tantos mais que pela sua quantidade não posso como é obvio aqui enumerar. Bem hajam aqueles que dão continuidade às famílias que aqui evoquei, que ninguém tenha preconceitos ao ser conhecido por uma alcunha mais ou menos digna, porque não é por aí que vem mal ao mundo, e mesmo dessa forma, não deixarão de dar um excelente contributo para a história da nossa vila. Viva Ruivães!
Manuel Joaquim Fernandes Barros
2009-03-13

7 comentários:

paulo miranda disse...

parecemos todos saber estes nomes, mas eu gostei de os ler no JV. grande abraço.

Ruivanense Adoptivo disse...

Estes nomes são um espelho da comunidade local, que neles se revê.
Alguns são derivados de alcunhas ou anexins que, posteriormente foram assumidos como apelidos.
Também li este texto no Jornal de Vieira e achei interessante a sua publicação

anibal pereira disse...

È sempre bom relembrar e dar a conhecer nomes,aplidos e alcunhas às veses não muito bem aceites pelos próprios,mas é sempre bom relembrar.
A cerca,assim era conhecida a casa do capitão ,«porquê»?
O MNUEL RATO grande amigo ,tambem merese uma omnagen .
O meu obrigado a todos .

paulo miranda disse...

penso que por causa da propriedade ser toda murada. não quer dizer que as outras não o sejam...:)

abraço

com atenção disse...

vale apena pensar nisso....

com atenção disse...

Reuniões do Executivo Municipal
Reunião rapidinha
Á Assembleia Municipal de 27 de Fevereiro 2009 do Concelho de Vieira do Minho
À atenção dos membros da Junta de Ruivães e aos Ruivanenses

Como sempre, e há muito, leio o jornal de Vieira do Minho. Desta vez li o nº 850, de 15 de Março do corrente ano. Não tenho por hábito ler o que se discute na Assembleia Municipal, mas desta vez li, e ainda bem. Um dos temas da Agenda era o lixo, pagar ou não pagar? – bom tema. Como me espicaçou a curiosidade, continuei a ler.
O Senhor Pedro Miguel da Cruz Araújo, PSD, perdoem-me se há omissões, enganos, ou outros, diz haver tantas barragens e a EDP faz tantos cortes de corrente eléctrica – chamou a atenção para outros cortes.
Eu regalei-me com essa observação. Em Ruivães e Vale, e suponho em toda a freguesia, os cortes da electricidade são constantes, especialmente de noite.
O cabo da electricidade, para chegar a nossa casa, percorre cerca de 1.500 metros, uma longa e enorme ravina. O cabo, com enorme vão, quando venta “baila” lá nas alturas e “zás”, corrente interrompida. Fundem-se lâmpadas, danificam-se televisores e frigoríficos, fica-se às escuras, estragam-se os produtos alimentares.
O Senhor Pedro Araújo deve continuar com essas queixas.
Eu gostei do que disse, quem não gostou foi o Senhor António Manuel Pereira da Silva, que ficou furioso ao ouvir as verdades, à EDP, do Senhor Deputado Cruz Araújo.
Ora segundo sei e porque me disseram, o Senhor António Manuel, foi ou ainda é, empregado da EDP, sendo também um dedicado sindicalista.
Também suponho que não mora, ou pelo menos não morava. Assim sendo não dorme em Vale, Ruivães. Não sabe desses cortes.
Com que diabo é que ele se zangou, para logo em seguida vir, mais uma vez a terreno, falar do que não sabe?
(…)“Pereira da Silva (PS), lamentando que a sua proposta apresentada na reunião anterior não ter sido votada, propôs a constituição de uma comissão mista, formada pelos presidentes da Assembleia e da Câmara, pelo presidente da junta de Ruivães e por dois representantes de cada partido. Esta comissão tentará a desobstrução da XVII Via Romana no sítio da Cruz, em Ruivães, e do caminho público que a mesma deriva em direcção ao lugar de Espindo. A proposta foi aprovada com 7 abstenções do PSD; 1 do PS; 1 Independente e 1 do CDS.
Os deputados foram novamente chamados a pronunciar-se no sentido daquela proposta e criada a referida comissão, bem como o texto das suas intervenções nas sessões de Junho 2006, Junho 2007 e Dezembro 2008, chegassem às superiores instâncias, para conhecimento do assunto e posterior acção, se o acto vier a exigir. A proposta foi aprovada com 6 abstenções do PSD; 2 do PS; 2 CDS; 2 Independentes.” (…) (“O Jornal de Vieira” – 15/03/2009)
Primeiro – nestes últimos, cerca de 60 anos, as propriedades de Cabrões, já passaram por 6 (seis) donos. Por ali, existiam os carreiros de cabras (rês). Hoje estão mais desentupidos, com os nossos esforços. Não é necessário desentupir o que já está desentupido e também já não há vezeiras.
Segundo – Há realmente um caminho para Espindo, logo que se passa a casa do cantoneiro e se sai da ponte sobre a curva. Temos lá em cima um grande campo e era bom que fosse desentupido o caminho, onde não passamos e os de Espindo já não passam lá há muitos anos, pois têm estrada.
Terceiro – Há o caminho depois do ribeiro de Chedas que vai à Estrada 103, e esse meu Deus é que está entupido! Já prometeram muitas vezes desentupi-lo. A sorte é que já não há Rês – este caminho era a saída da Rês para a estrada. A Ponte Medieval, construída cerca do Séc. XIV/XV, sobre o rio Saltadouro por sorte, ainda não caiu. À saída da ponte, a caminho de Ruivães, o cunhal à direita está a cair. Com ele vai a ponte.

antonio gonçalves disse...

Na minha opinião, o caminho que está e foi entupido é o caminho que passa por dentro da quinta da cruz e que na altura ninguém viu entupir.