sexta-feira, 31 de março de 2017

«Posto Avançado de Socorros de Ruivães - um problema»






Na sequência de uma convocatória às populações da União das Freguesias de Ruivães e Campos, efetuada pela respetiva junta da União das freguesias, foi levada a efeito, no dia 19 de março de 2017, pelas 14h30, uma assembleia alargada no edifício que serviu de quartel à secção dos Bombeiros Voluntários de Vieira do Minho em Ruivães, onde foram postos em discussão: 
- Situação de funcionamento da secção de Ruivães/posto avançado de socorros; 
- Estado de degradação do edifício. 
Também ali me desloquei porque entendi que não deveria ficar indiferente a tal assunto, tanto por razões de cidadania como por necessidade de apreensão das questões de funcionamento daquela infraestrutura que, em boa verdade, me era um tanto nublosa.
Confesso que fiquei impressionado com tão elevada adesão à convocatória; facto que mais me convenceu da preocupação das populações que vivem inseguras, na senda do abandono, da centralização, da falta de meios, da interioridade, do adornar do país ao litoral; massacradas pelo encerramento dos serviços essenciais, sem que encontrem respostas que invertam o problema e aliviem as preocupações. 
Todas as entidades que se dignaram marcar presença na reunião à volta do assunto principal da convocatória, se pronunciaram no sentido de serenar as populações. O presidente da Câmara Municipal de Vieira do Minho, referiu que durante a magistratura do seu mandato, dentro do que legalmente lhe for possível, tudo fará para que a Câmara apoie o funcionamento do Posto Avançado de Socorros; a presidente da Assembleia Municipal de Vieira do Minho garantiu que, dentro das competências legais tudo fará para garantir o bem-estar das populações; o representante da Direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vieira do Minho (DAHBVVM), fazendo alusão ao número de intervenções/ocorrências daquele Posto de Socorros, citou custos envolvidos com o funcionamento e adiantou que o Posto não era para encerrar; O Comandante dos Bombeiros Voluntários de Vieira do Minho defendeu que o serviço dos Bombeiros em Ruivães deve ser mantido, mas que, por insuficiência de meios humanos, tanto na sede em Vieira como em Ruivães, e por necessidade de dar resposta ao elevado número de solicitações, para cumprimento de escalas e horários de trabalho, teve de fazer deslocar para a sede o efetivo de Ruivães, sendo que espera a resolução do problema da falta de efetivos por parte da Direção da Associação, pela contratação dos elementos necessários para suprir as necessidades; o presidente da união das freguesias de Ruivães e Campos não deixou de expressar o seu descontentamento e preocupação com fecho do Posto de Socorros e apelou para a resolução do problema que afeta as populações. Por fim, a intervenção entusiasmada de Manuel Azeitono que, manifestando a sua revolta com a deslocação do efetivo de Ruivães para Vieira e o descontentamento pelo fecho do Posto, defendendo que aquele equipamento, que foi conseguido à custa de muito empenho, sacrifício e tenacidade, que pertence a Ruivães, deve funcionar e estar ao serviço do povo em permanência. 
Houve intervenções sérias e responsáveis a partir da assembleia, apelando a todos os responsáveis para que seja mantido em funcionamento aquele equipamento de proximidade. 
Em boa verdade não se vislumbraram discordâncias significativas quanto à necessidade e apoio à manutenção em atividade do Posto Avançado de Socorros de Ruivães, mas também não vislumbrei ali compromissos sérios e vincados de que aquele Posto se irá manter em funcionamento. Aliás, perante o cenário que ali foi apresentado, entendo que ninguém poderá assumir tal compromisso (pelo menos as entidades presentes na mesa) mas, pelos vistos, o problema poderá ser resolvido pela Direção da AHBVVM com a contratação dos elementos em falta à corporação. Sim, só ela poderá e deverá equacionar a resolução do problema. 
Claro que se coloca sempre como contra-ponto as contingências financeiras, mas essas, com gestão parcimoniosa, responsável e equitativa sempre se dará resposta às necessidades. Até porque não é na abundância de meios que se afirma a boa gestão, porque com o muito qualquer um o faz. A boa gestão está em fazer bem com menos… 
De qualquer forma, todos os meios que possam estar ao serviço da segurança e bem-estar das populações devem ser acarinhados, mantidos e até promovidos junto de quem deles precisa, sendo os Bombeiros um desses meios essenciais, muito mais relevantes em áreas do interior, semi-despovoadas, envelhecidas, onde os factores da solidão, do abandono, dos parcos recursos e da insegurança mais se notam. 
Mas não é só a população residente que deve ser tida em conta. Também quem passa e nos visita, essencialmente os turistas que não sentindo segurança não vêm para o interior. 
Pela leitura dos números apresentados pelo representante da Direcção da AHBVVM fiquei com a impressão de que se quis alegar que o funcionamento do Posto de Socorros de Ruivães se traduziu em custos elevados para o número de intervenções/ocorrências registadas. Se assim foi, entendo errada tal leitura, até porque o socorro não tem preço. Seria muito bom que tivéssemos bombeiros bem equipados e aquartelados, em permanente formação e treino durante 365 dias por ano, sem que houvesse necessidade de qualquer intervenção. Era sinal que o país estava saudável, seguro e que todo o cidadão cumpria as regras da vida em comunidade, e que os bombeiros existiam apenas e só como reserva para eventualidades. 
Mas mesmo que nos 365 dias se socorresse uma só vítima e se salvasse uma vida, ficaria justificado o orçamento daquele ano.
Mas nem a propósito. No dia 19 de Março de 2017, o mesmo dia em que decorreu a reunião em Ruivães, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Guimarães assinalava o 140º. Aniversário com uma cerimónia de homenagem, inauguração de uma viatura nova e condecorações diversas. Aquela cerimónia foi presidida pela ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, que destacou o reforço do investimento no sector dos Bombeiros e enalteceu o papel “insubstituível” das corporações e lembrou um investimento de 40 milhões de euros e de benefício de cerca de 110 associações humanitárias de bombeiros. Não sei se a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vieira do Minho faz parte daquele número… 
De qualquer forma, apela-se a todas as entidades ligadas ao dossier do Posto de Socorros Avançado de Ruivães o empenho determinado, por forma a que seja devolvida a segurança e confiança às populações, às quais sempre se exige colaboração, no sentido de minimizar as contingências que dificultam o respectivo funcionamento. Garanto que, da minha parte, me farei sócio…

Fernando Araújo da Silva
2017-03-29

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