quarta-feira, 20 de setembro de 2006

S. Cristóvão

Povoado de S. Cristóvão seria uma das três mansiones da Via XVII



O povoado do Alto de S. Cristóvão, na freguesia de Ruivães, será, entre os sítios escavados até agora, tirando o Castro do Castelo de Vieira, um dos mais ricos e interessantes povoa dos da Idade Média no concelho. Trata-se de um povoado extenso, construído de raiz na época romana e ocupado mais tarde. Luís Fontes, entre outros investigadores, coloca a hipótese de corresponder «à Mansio [ou mansiones ] Salacia, uma das três que serviam a Via XVII entre Braga e Chaves».

Esta hipótese levanta da por Luís Fontes, da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, no “Inventário de sítios e acha dos arqueológicos da ver tente alta da Serra da Cabreira”. Antes de prosseguir, convém explicar o que eram as mansiones. Nas vias oficiais do império, como a Via XVII que passa em Vieira, havia as mansiones, que eram uma espécie de albergarias, com distâncias variáveis entre si, normal mente entre dez a quinze milhas. Nas mansiones, além de estalagem, existiam termas e mercados de abascimento. Havia também as mutationes, que eram os locais onde se guardava o alimento dos animais e o viajante ate podia mudar de cavalo ou cuidar dele.

São Cristóvão é sem dúvida um povoado aberto, não tom fortificação e, de acordo com Luís Fontes, baseado nos materiais ali encontrados, trata-se de um povoado ocupado cru época romana. «S. Cristóvão revela uma estratégia de implantação claramente relacionada com a passagem da Via Romana XVII, que ligava Bracara Augusta a Aquae Flaviae» [Chaves].

Segundo Ana Roriz, arqueóloga e colaboradora da UAUM, parece não deixar dúvidas de que S. Cristóvão é um povoado romano, construído de raiz e estará ligado à Via XVII, que passa mesmo ao lado do povoado. «Não sei se seria uma “mansio” da Via Romana. Há o Castro do Outeiro do Vale que não foi romanizado. Isto é, por alguma razão, preferiram o local em vez de aproveitarem o Castro do Outeiro do Vale. Quererá isto dizer que o povoado e a “ia serviam-se mutuamente», afirma.

Sobre a possibilidade de ser uma “mansio”, esta investigadora diz que só uma investigação poderá esclarecer esta e mais unia série de dúvidas sobre o sítio, designadamente se seria um povoado de ano inteiro ou sazonalmente, assim como os usos e costumes.

Em relação à acção da Câmara Municipal de Vieira do Minho, Ana Roriz considera que a autarquia tem o papel principal em todos os sítios arqueológicos. «Para começar, é a Câmara que sustenta os estudos, no âmbito do protocolo assina do com a Universidade do Minho, E o inventário aos povoados veio na sequência do acordo entre as duas instituições. Mas ainda nada está feito. O facto do inventário a nível de trabalho de campo estar concluído, é apenas inventário. Falta fazer tudo», esclarece.





As surpresas dos sítios arqueológicos



Os sítios arqueológicos têm algo que fascinam os investigadores, porque reservam sempre alguma surpresa. No dia em que o Diário do Minho esteve em S. Cristóvão, Manuel Pires, técnico da Unidade de Arqueologia, com muitos anos nestas andanças, localizou algumas gravuras rupestres junto às sepulturas antropomórficas. Achados que vieram enriquecer o sítio.

Para Ana Roriz, é muito difícil explicar o que significam tais gravuras que, entre outras coisas, apresentam quadrados concêntricos. Giestas e vegetações impediam que fossem vistas até agora. As gravuras devem ser limpas, decalcadas e só depois de se ver a forma, fazer paralelismos com outras se podem tirar conclusões.

Outro traço distintivo do povoado em relação aos outros são os alicerces de uma antiga igreja ou capela, pelas quatro sepulturas antropomórficas escavadas em pedra, duas das quais inteiras e pelos restos de pia baptismal.

As referências bibliográficas à igreja e ao povoado são antigas. No século XVIII, o arqueólogo / padre Argote, refere-se à capela de São Martinho, embora fale em Zebral. Ana Roriz entende que terá havido alguma confusão, porque a capela de Zebral é dedicada a S. Pedro e não S. Martinho. Provavelmente, na sequência da transferência do templo, que é sempre um pólo aglutinador, as populações terão acompanhado a deslocação.

Também o padre José Carlos Vieira, em 1925, na sua obra “Vieira do Minho — notícia histórica e descritiva” apresenta dados sobre o sítio e a igreja.







Noticia retirada do Diário do Minho, edição de 12 Jan 2006.

2 comentários:

Cousin disse...

Um pouco complicado a perceber, mas gostaria mesmo de conhecer a historia da nossa vila, mas preferia ouvir a historia ao vivo ou seja contada por alguém talvez que o criador desta site da nossa vila poderá nos contar ...

Nonda disse...

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