As férias deste ano deixaram-me um pouco indeciso, se devia analisá-las elogiando ou criticando o que vi de diferente em relação ao ano passado. Se por um lado a quase totalidade dos pontos negros que o ano passado critiquei foram resolvidos, e isso me apraz, por outro lado pergunto a mim mesmo porque terá de se chamar a atenção para uma realidade que está na frente dos olhos de toda a gente, e só assim as coisa se resolvem?Não quero ser mais papista que o Papa, nem mais esperto que os outros, apenas passo alguns dias do ano em Ruivães, e mesmo assim me atrevo a fazer a análise do estado da minha aldeia, quando aqueles que me criticam “por dizer mal da terra” aí vivem diariamente com esses problemas, sem coragem para chamar a atenção do que está mal. Criticar o que está mal, não é dizer mal. É sim uma forma construtiva de chamar a atenção a quem de direito, no sentido de banir a incúria, o desleixo, o desinteresse ou até a incapacidade de solucionar esses problemas, por vezes tão simples de resolver. Vi finalmente o Pelourinho com os pilares recolocados, o acesso ao miradouro nas traseiras do Cemitério acessível, algumas das montureiras de lixo e entulho banidas (excepção feita à rua da fonte de Santo Amaro), e… pouco mais. Mas, já é alguma coisa. De negativo, o caminho para a ponte de pedra, aquela que é considerada uma das mais bem conservadas vias romanas, caminho ou via, “já foi”! Quem este ano pretendesse fazer uma visita à velhinha “ponte de pedra”, a meio do percurso teria de desistir, porque o ribeiro tomou esse caminho como leito, mercê talvez da acumulação de detritos no seu leito natural. Tudo se resolveria, com uma simples limpeza da valeta por onde o ribeiro circula. A continuar assim, o caminho da margem sul do rio que outrora ali existiu e agora, está imperceptível, terá na margem norte um émulo, com a agravante deste se tratar de um marco milenário de grande valor arqueológico. E a ponte? Que degradação! Será que se está à espera que uma das mini-hídricas previstas para o Saltadouro a cubra, e assim se resolva o problema? Há que tomar medidas enquanto é tempo, e uma das formas é a conservação e a divulgação desses legados arqueológicos e requerer ao IPPAR (com insistência) o seu registo como monumentos de interesse público - quiçá nacional. Outra situação intolerável, foi colocar na frontaria da igreja paroquial um vitral que me disseram ser a imagem de S. Bento! S. Bento, porquê? No ano passado, haviam-me dito que iria ser de S. Martinho, o padroeiro de Ruivães. Nada tenho contra o S. Bento, até sou seu devoto, mas Ruivães venera S. Martinho, São Cristóvão, São Bartolomeu, Santa Teresa, e ... optou-se por S. Bento? Que responda quem souber! A festa, foi espectacular, com particular destaque para a Banda de Riba de Ave. Parabéns à comissão, e que para o ano, se não for melhor, que seja pelo menos igual. Foi gratificante também, este ano ver um notado acréscimo de ruivanenses que ausentes da vila se concentraram de férias na nossa aldeia, dando-lhe o movimento e a alegria que merece. Por aqui me fico, imbuído como sempre do espírito ruivanense que me leva a amar cada vez mais a nossa aldeia, e a querer para ela o melhor do mundo. Faço porém, antes de terminar, um apelo aos ruivanenses espalhados pelo mundo e aos que por cá ficaram, para que visitem o sítio de Ruivães na internete, trabalho dignificante e exaustivo do jovem Paulo Miranda, mensalmente actualizado onde a nossa terra é notícia. O endereço é: http:/vilaruivaes.blogs.sapo.pt.
Manuel Joaquim F. Barros