segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Relato da Rock 'n' Roll Maratona de Lisboa EDP (prova rainha do atletismo)






05 de outubro de 2014

A minha 15ª maratona de estrada, coincidiu com a 2ª edição de organização conjunta do Maratona Clube com o Grupo Competitor dos Estados Unidos, esta que é já a mais participada e a melhor Maratona de Portugal.
Pelo 15º ano consecutivo alinho à partida da distância rainha do atletismo, depois de em 1999 ter corrido a "prova aberta", prova de 7 km, integrada na organização da Xistarca do professor António Campos.
Nesta prova, tinha como primeiro objectivo, como em todas as provas que alinho, terminar sem sequelas, e de preferência em condições de voltar a correr um ou dois dias depois. O segundo objectivo era terminar abaixo das 3:45 horas na companhia de 6 estreantes (Jorge Martinho, Valter Teixeira, Nuno Lopes, João Rosado Martins, João Paulo Pereira e Claudio Bernardino) para além dos já veteranos José Valentim e Carlos Santos, grandes amigos destas lides.
Sabia que um ritmo entre os 4'50 e 5'00, até à meia maratona, seriam suficientes para até ao final da prova nos mantermos a "salvo" do balão das 3:45h, sendo este o objectivo interiorizado, a táctica de ataque à prova!
Aprendi que, mesmo tendo no momento outras sensações, a regra de ouro é não falhar nenhum abastecimento, eles existem para isso mesmo! Mesmo sem sede ia bebendo água e comendo 1 gel a cada 40 minutos de prova, que se revelaram fundamentais nos últimos km.
Esta era a meta a que nos propusemos não cumprida na totalidade, porque no início da prova partimos de balões diferentes e eu que pretendia que os estreantes fizessem o tempo atrás definido, seguia a um ritmo que no final o tempo de prova, estivesse dento do objetivo previsto!
O João Rosado, grande estreante, logo ao 7.º km zarpou, tendo feito um excelente tempo, muito abaixo das 3:30.
Marginal em frente, tempo formidável para correr, pouco vento, praticamente nada a atrapalhar, nenhuma desculpa para não atingir o 2.º objectivo. Era só ter juízo e não abusar! A marginal entre Cascais e Lisboa é belíssima para correr. Fui saudando e sendo saudado por público e outros atletas, e acompanhado pelo Paulo Barata, que entre a Parede e Oeiras me veio acompanhar e incentivar, obrigado Paulo! Mais à frente, no abastecimento do km 20 oiço outro grande incentivo: "Força, Guilherme, força Guilherme", era uma conterrânea Ruivanense. Não imaginas Nela o quanto foi importante esse teu motivador incentivo! Obrigado também.
A entrada na zona do Cais do Sodré, Praça do Comércio, Rossio, Restauradores até Santa Apolónia novo tónico de motivação, com muito público a saudar a passagem dos atletas!
Na viragem da Praça do Comércio, ainda vi o balão das 3:30 a desaparecer em frente à estação da CP do Sul e Sueste, o que revelava coerência no ritmo que tinha imposto.
Ao chegar ao abastecimento dos 30 km, sinto o braço do Cláudio a tocar-me e a dizer -, até que enfim "apanho-te"! Foi para mim um misto de alegria e de desconsolo, pois sou informado que os restantes companheiros estariam um pouco atrasados! Fiquei sem saber o que fazer, não sabia se devia parar se continuar! O Claúdio incentivou-me a prosseguir, mas o ritmo imposto não me parecia ser o adequado para finalizar a prova nas condições desejáveis, pelo que o deixei ir, sem que antes lhe tivesse referido, 'tem calma Claúdio, porque a barreira dos 36, 38 ainda não está vencida'! A partir daqui, já se viam inúmeras caras (algumas conhecidas) a fraquejar!
No abastecimento do 39 km, estava o Rui Teixeira, o nosso próximo estreante, a incentivar os atletas e a querer irrigar-me com uma garrafa Isotônica de Powerade, mas estava do lado contrario e tive de declinar a oferta, mas um grande obrigado Rui pelo gesto e pelo apoio!
Uns metros à frente, alcanço o Claudio que seguia a um ritmo já pouco recomendável, tendo-o puxado cerca de 1 km, altura em que um outro amigo, no caso o Miguel Ribeiro me diz, vamos Guilherme fazer estes últimos km como se dos primeiros se tratasse, e logo mais à frente o Carlos Santos, com um similar apelo, tendo estes atletas, gerado no meu ego uma força interior que determinou que os 2 últimos km tenham sido realizados a um ritmo a rondar os 4':10'', passamos de modo Intercidades para modo Alfa Pendular!
Senti-me tão bem na reta da meta, já de mão dada com o Miguel Ribeiro, quando o cronómetro atingia as 3:43, ouvi emocionado a voz das minhas filhas –, pai, pai e as vejo na companhia da minha mulher a aplaudir. Que momento!... Obrigado, mulheres da minha vida!
As maratonas de estrada são para quem gosta de correr, como o balneário para quem gosta de futebol. É aqui que se sente a corrida na sua plenitude. Não há espaço para descanso, abastecimentos prolongados ou outros sossegos. Tudo aqui é intenso, das emoções à gestão do esforço, à velocidade, ao juízo. E tudo se revela fundamental para o sucesso, seja para os que terminam abaixo das 3h, 3h15, 3h30, 3h45, 4h ou que se limitam a chegar. Porque meus amigos, quando chegámos ao muro, que todos queremos adiar, seja aos 28, 30, 32 ou aos 36, a distância que resta varia entre os 30 e os mais de 60 minutos a concluir, e se corrermos um minuto que seja com um empeno, é muito duro…
É por isso que considero todos os que correm uma maratona verdadeiros campeões. Sofre-se muito. Sofre-se o que só nós, os que as corremos compreendemos.
A experiência da maratona é o clímax da corrida de resistência à velocidade. E o ambiente de superação que se vive numa maratona é mesmo único, que o digam os atletas que correram esta maratona com as cores do Clube Ferroviário de Portugal que, independentemente dos tempos conseguidos, foram uns verdadeiros CAMPEÕES por terem superado este grandioso desafio!
Para memória, ficam os resultados da edição'2014 da Maratona de Lisboa:
·         João Rosado Martins       – 3:23:14
·        Claudio Bernardino       – 3:41:40
·        Guilherme Gonçalves    – 3:43:03
·        João Paulo Pereira       – 4:04:25
·        Nuno Lopes                    – 4:07:12
·        Jorge Martinho               - 4:08:56
·        Valter Teixeira                – 4:09:47
·        José Valentim                 – 5:57:56
·        Carlos Santos                - 0:00:00
Parabéns e digamos todos, venha a próxima!

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