segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Sementeiras

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As sementeiras já estão realizadas. Apesar do dia extremamente frio, semearam-se 4 sacos grandes de centeio e plantaram-se cerca de 40 arvores autóctones (castanheiros). É objetivo da Associação potenciar mais estas áreas ainda este ano.
Temos de valorizar este tipo de trabalhos, uma vez que o resultado deste esforço já se vai evidenciando no contributo para as espécies cinegéticas existentes.
A Associação pretende aumentar estas zonas de alimentação visto estarem a contribuir para o repovoamento e fixação de espécies cinegéticas até então desaparecidas.
Conscientes das dificuldades (fogos, doenças, vegetação densa, escassez de alimento, predadores, .....) temos de continuar persistentes com ações que visem contrariar estas adversidades, fomentando  o desenvolvimento da fauna outrora marcante na nossa Zona de Caça.
Partilhamos algumas imagens (sinais/indicadores) que nos dão algum alento para persistir e continuar o nosso Plano de recuperação e manutenção da Zona de Caça de forma consciente e sustentada.
A Associação de Caça continua empenhada em zelar pela  proteção das especies cinegéticas existentes e pela recuperação e fomentação destas, em locais com baixos indicadores.
Conscientes de que não é fácil, é a esperança de pensar conseguir melhorar, que nos move para continuar a caminhar.

Atenciosamente,
Associação de Caça e Pesca de Ruivães
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Frades



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domingo, 22 de novembro de 2015

sábado, 21 de novembro de 2015

Propostas e Projectos de Ligação Ferroviária



A proposta de Braga a Chaves apresentada pelo deputado Alves Passos
Apesar do ramal de Braga estar totalmente projectado e em fase bem adiantada na construção, as propostas de continuação do caminho-de-ferro para outras regiões do norte do país continuavam.
Ainda antes de terminar o ano de 1873 surge uma proposta de continuação do caminho-de-ferro de Braga para Chaves, daí para Bragança, seguindo posteriormente para Espanha. Esta proposta, destacada pelo “Commercio do Minho” de 20 de Dezembro de 1873, consistia num percurso de via ferroviária estreita e separado das estradas já existente na região. Aliás, esta proposta era curiosa, porque este requerimento apresentado ao governo, “…não pede subsidio pecuniário e obrigasse a conduzir gratuitamente os passageiros do estado, tropas e malas de correio.”.
Não há registos nem mais informações de tal proposta pelo que presume-se, a ter sido apresentada, tenha sido rejeitada pelo respectivo governo. Contudo, as insistências de continuação do caminho-de-ferro para Chaves continuaram.
Passado pouco mais de um ano, o deputado de Vila Verde, Alves Passos, apresentou nova proposta “…na camara electiva, para que o governo fosse auctorisado a proceder ao seguimento do caminho de ferro de Braga até Chaves.” (“Commercio do Minho” de 23 de Março de 1875). Foi o seguinte discruso proferido na sessão de 10 de Março de 1875 pelo deputado de Vila Verde, e publicado no referido jornal de 23 de Março de 1875:
“…Eu voto por todos os cainhos de ferro, rodos os melhoramentos de que possa resultar o desenvolvimento moral e material do meu paíz;…
O caminho de ferro de Braga, desde que sae do Porto, tem uma direcção para leste da provincia do Minho, mas em Nine desvia-se para o litoral, seguindo para Vianna e para a fronteira da Galliza, isto é, desvia-se completamente do centro para a beira-mar e para o norte da provincia, deixando em Braga o termo do seu ramal.
Ora, a camara sabe que os caminhos de ferro do litoral não podem ter a influencia, que teem os que atravessam o centro das povoações, para o seu desenvolvimento. Temos uma desgraçada experiencia no caminho de ferro de Lisboa ao Porto.
Se o caminho de ferro de Braga seguir d’esta cidade para Chaves, entrando no valle do Cavado, para o atravessar defronte de Villar da Veigga e tomar a margem direita d’este rio, d’ahi pela freguesia de S. João do Campo, vertentes meridionais da Serra do Gerez, a par do monte da Gralheira, concelho de Montalegre até Chaves, e d’aqui á fronteira a Verim, o que se me afigura pouco difícil, era rasgar pelo centro toda a provincia do Minho, a fértil região de Barroso, abundante em lãs e gados, e comunicará a provincia do Minho com o alto da provincia de Traz-os-montes, e com a fronteira, pela linha mais curta. (…)
(…) E deixo à escolha e ilustração do governo o sistema de construção, de via larga ou reduzida, como o julgar mais conveniente…”
Poucas informações se seguiram posteriormente pelo que, esta proposta, evidentemente, não teve o fim desejado.

O projecto do “Valle do Cavado” de segunda categoria, que ligaria Braga a Montalegre
A chegada do comboio a Braga abriu perspectivas de desenvolvimento não só à cidade, nem às freguesias beneficiadas pelo ramal e que se situavam entre Braga e Nine, mas também a outras localidades mais distantes do Minho. De facto, com a existência de uma estação ferroviária em Braga, inúmeras pessoas e mercadorias passavam a ter a possibilidade de se deslocar desta região para outros pontos do país.
Claro que um dos locais mais concorridos era, sem dúvida, o Porto, não só para as pessoas, mas principalmente para os comerciantes e industriais que, utilizando o comboio, já podiam transportar as suas mercadorias para a capital do norte bem como para o porto de Leixões onde, a partir daí, os produtos escoavam para os mercados internacionais.
Antes da chegada do caminho-de-ferro a Braga, os produtos destinados aos mercados internacionais tinham que ser, na sua maioria, transportados por via terrestre, até ao porto de Viana do castelo. E todos sabemos que os transportes até ao século XIX eram poucos, atrasados, velhos e lentos. E as consequências para a economia da região eram, por essa razão, bem mais negativas.
Não é de estranhar, portanto, que os bracarenses, beneficiados pelos caminhos-de-ferro até ao Porto, desejassem que este pudesse atingir agora o interior da própria região do Minho. Por isso, vão surgir vários projectos que visavam ligar a capital do Minho a outras regiões situadas a norte de Braga.
Pela “Proposta de lei sobre a rede de caminhos-de-ferro em Postugal”, assinada por António de Serpa Pimentel e Lourenço António de Carvalho e publicada no dia 7 Fevereiro de 1879, pelo Ministério das Obras Públicas, Comércio e Industria, ficamos a saber que os caminhos-de-ferro são divididos em duas categorias, uma de serviço público outra de serviço particular.
Na primeira categoria, considerada a mais importante, encontram-se as linhas de “1ª ordem ou de interesse geral, de 2ª ordem ou de interesse local, e de 3ª ordem ou americanas, assentes em vias publicas”.
Estas linhas são as mais importantes existentes em Portugal e, por isso, devem merecer toda a atenção do governo e de todas as entidades públicas.
O Ramal que ligava Nine a Braga foi considerado de primeira categoria.
Alguns dados curiosos desta proposta de lei são as linhas consideradas de segunda categoria. Estas eram linhas de via estreita que, ou estavam a ser construídas, ou estavam em vias de o ser. De entre elas, há a destacar as linhas de Bougado a Guimarães, num total de 32 quilómetros, estando em Fevereiro de 1879 já construídos sete quilómetros; as linhas do vale do Lima, que ligaria Viana do Castelo, Ponte de Lima, Ponte da Barca e Lindoso, num total de sessenta quilómetros, e ainda uma outra linha, a designada “Valle do Cavado”, que ligaria Braga, Caldas do Gerês e Montalegre, num total de setenta quilómetros.
É curioso, mais uma vez, verificarmos que era o próprio governo quem previa a construção de uma linha de via estreita, agora a ligar Braga a Montalegre.
O Ministério das Obras Públicas, Comercio e Industria justifica a criação desta linha do “Valle do Cavado” com os cerca de 118 habitantes por quilómetro quadrado dos concelhos de Póvoa de Lanhoso, terras de Bouro e Vieira do Minho, e ainda cerca de 24 habitantes por quilómetro quadrado correspondentes ao concelho de Montalegre. Esta linha servirá ainda “…as Caldas do Gerez, notáveis pela abundancia do seu manancial e elevada temperatura das suas aguas, podendo com a facilidade de comunicações tornar-se um estabelecimento importante.”.
A importância desta linha estende-se ainda ao concelho de Montalegre e a toda a região envolvente, uma vez que “Esta região tem considerável valor pecuário, sendo o concelho de Montalegre representado o solar da raça barrosã devendo a sua creação tomar grande desenvolvimento pela facilidade e barateza dos transportes.”.
Refira-se, como nota de curiosidade, que a presente proposta de lei previa ainda uma outra linha-férrea de via estreita, que ligaria Famalicão a Chaves, passando por Guimarães, Fafe, Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto, pertencentes ao distrito de Braga, e os concelho de Ribeira de Pena, Vila Pouca de Aguiar, Boticas e Chaves do distrito de Vila Real. Esta linha teria a extensão de 186 quilómetros, divididos entre os dois distritos.
Não se conhecem muitos mais desenvolvimentos acerca deste projecto que, evidentemente, acabou esquecido nos dossiês existentes nos gabinetes do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria.

Retirado do livro “Braga e os Caminhos-de-ferro” de Joaquim da Silva Gomes. ISBN 972-95895-3-4




Canastro em Frades




Pelourinho e Igreja





Clube Ferroviário de Portugal: Ligação Natural ao Tejo


Leia a entrevista dada por Guilherme Gonçalves (natural de Espindo), Vice-Presidente do Clube Ferroviário de Portugal à revista da Junta de Freguesia de S. Vicente, e fique a conhecer alguns aspetos da história e da atividade mais recente do CFP.

A introdução à entrevista refere que o CFP é "um clube importante no associativismo e desporto na cidade" e considera-o um "exemplo de como o associativismo desportivo molda e define o bairro onde se integra".

Fundado há mais de oitenta anos, o Clube Ferroviário de Portugal, cuja sede se mantém desde a origem junto à Estação de Santa Apolónia, coloca à disposição dos seus associados, ferroviários ou não, atividades desportivas e culturais diversas







Canastro em Frades



sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Frades




Frades




Sementeiras

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Na sequencia do Plano de Atividades da Associação de Caça e Pesca de Ruivães, solicitamos a todos os que tiverem disponibilidade para aparecerem dia 21 de Novembro - Sabado pelas 9 horas em Ruivães ou junto aos campos de sementeira, para cumprimento dos pontos Nº 4 e 6.

Não serão efetuadas as sementeiras caso o tempo não permita.

Atenciosamente,

Associação de Caça e Pesca de Ruivães
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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Trás-os-Montes nos fins do século XVIII - segundo um manuscrito de 1796




(…)

A partir do fim do século XVIII, a paisagem agraria transmontana modificou-se em alguns aspectos. A paisagem natural foi aquela que menos variações sofreu, apesar do alargamento da área cultivada lhe ter trazido considerável redução. Uma grande área da província era constituída por terrenos incultos, onde havia carvalhos, azinheiras, arbustos de várias espécies, sumagre, etc. É porém, da paisagem modificada pelo homem através das culturas que temos mais notícias.(…) havia muitos castanheiros em Trás-os-Montes, sobretudo nas regiões mais altas, os quais ultimamente têm desaparecido de forma acentuada. Em contrapartida a batata, (…) foi introduzida na província por essa altura, ocupando depois vastas zonas da região de Montalegre, Chaves e outras, passando a cultivar-se em alguns terrenos onde até aí se produzia castanha. Esta foi a mudança mais radical na cultura transmontana e, consequentemente, na paisagem agrária. Outras houve, no entanto, que merecem ser salientadas. 

A oliveira difundiu-se bastante depois de 1796, o mesmo sucedendo com o pinheiro, a vinha e o milho. Este raramente é mencionado (É referido entre as culturas de Vinhais, Frechas, Vila Flor, Ruivães e Teixeira), uma vez que a difusão da sua cultura se fez lenta e tardiamente na provincia. Dos restantes cereais, era o centeio que se cultivava em maior quantidade, sendo rara a localidade em que ele não aparece indicado, seguindo-se o trigo e a cevada. Também havia bastantes amoreiras, que eram de capital importância para a indústria da seda. 

Resumindo: podemos dizer que a paisagem se modificou, por um lado, devido à diminuição das área incultas, por outro, pela introdução de novas culturas, como a batata, ou a intensificação de culturas já existentes, como a oliveira, o milho e a vinha. 

(…)

Além do Vinho do Porto e do vinho vulgar, cultivava-se ainda em Trás-os-Montes o «vinho de enforcado», em regiões limítrofes com o Minho, como por exemplo em Ruivães.




Discrição corográfica da actual população da cidade de Bragança, villas, coutos e honras de que esta comarca se compoem.


Vilas, coutos e honras que compem a comarca


(...)

Na distância de sessenta legoas da Corte, sete de Guimarães e nove de Chaves, fica esta villa. Confina com a serra do Geres e com os concelhos de Vieira, Ribeira do Soas e Cabeceiras de Basto, provincia do Minho, e, de Tras-os-Montes, com o concelho de Monte Alegre. Hé a ultima villa desta província. 
Pertence pelo secular á correição de Bragança, donde dista vinte e duas legoas, pela provedoria a Guimarães e pelo ecclesiastico ao vigario geral de Braga. Tem juis ordinario e mais officiaes da Camara. 

Tributos da villa e termo

Decima, 117:240; sisa, 100:000 que se remete para Villa Real. Subsidio literario, 16:300.

Concelho

Seu rendimento não excede de 3:200. Seu tombo foi feito no anno de 1773 por Jozé Pires Monteiro, provedor da comarca de Guimarães. 

Foros reaes

Pagão os moradores da villa e termo á Sereníssima Casa de Bragança 3:900.

Comenda

Ruivães - da Ordem de Christo - marques de Alvito - 750:000.






Dizimos

Renderão no anno de 1792 ..... 750:000



Como esta villa contigua á província do Minho, hé semelhante á mesma, tanto no clima como nas suas producções, e por isso os fructos em que abunda são milho, centeio, vinho de enforcado e azeite. Neste ultimo hé que pode ter adiantamento, cuidando na plantação destas arvores. 

Mineraes

No sitio de Lama Longa, freguezia de S. Vicente de Campos, sahem quantidade de cristaes.

Medidas

As dos liquidos e solidos excedem as da cabeça da comarca vinte e cinco por cento.

(...)





(...)

CAVADO

Nasce na serra do Larouco, passa junto á villa de Monte Alegre, vai discorrendo até o concelho de Ruivães. Entra neste rio o do Geres e Mizarella.

(...)

RUIVÃES

Nasce no Marco de Maçam, termo do concelho da villa de Ruivães, corre junto á dita villa, tem duas pontes, huma na calçada de Ruivães, outra no sitio de Entre os Rios; mete-se no Cavado.

(...)



Mappa total da existente população das cidades, villas, coutos e honras da provincia de Trás-os-Montes



Mappa do rendimento e povoação da provincia de Trás-os-Montes, pertencente ao anno de mil setecentos noventa e dous




Mappa das cidades e villas com que fica a provincia de Trás-os-Montes na nova regulação das comarcas, seus fogos e almas


(...)

COMARCA DE BRAGANÇA

Esta comarca hé da Serenissima Casa de Bragança. Está muito desordenada e se estende em grandes distancias de comprimento, pelo que se não pode conservar nos termos em que se acha, devendo-se nella observar o disposto nos paragrafos onze e dezenove da lei de mil setecentos e noventa, dividindo-se em duas.
As villas mais notaveis de que se compoem, como são Chaves, Monte Alegre e Ruivães, lhe ficão de quatorze a vinte e duas legoas, como se ve no mappa do estado da actual comarca, tendo junto a si algumas villas da comarca de Miranda e Moncorvo, com que se pode regular melhor, sem o grave incommodo que os povos sofrem em tão largas distancias, com serras asperissimas e rios de passar, separando as que lhe ficão improprias para formalizar huma nova comarca, que pode ser na villa de Chaves, situação a mais propria para isso porque, alem de ter qualidades notadas na descripção das terras da comarca, lhe ficão em circumferencia as villas necessarias para a organização de huma boa comarca, com muita commodidade dos moradores em distancias ordinarias, como sem seu lugar se mostrará. Esta mesma divisão propoem todos os ministros informantes da provincia e as Camaras, tanto de Bragança nº 77, como de Chaves nº 80, Monte Alegre e Ruivães, nº 98 e nº 106. He muito conveniente que assim se pratique, no que se não segue prejuizo algum á Serenissima Casa, antes utilidade, por ter regalia de mais um corregedor que nomear, sendo notorio o beneficio que resulta a estes povos de terem mais proximo o seu recurso, em hum paiz tão desabrido, tanto de Verão como de Inverno. 

(...)



Villas da nova regulação da comarca


(...)

MONTE ALEGRE

Esta villa e seu concelho hé da Sereníssima Casa de Bragança, donde dista dezoito legoas. Porem, hé mais conveniente pertença á nova comarca de Chaves, donde so fica em distancia de cinco, separando-se da comarca de Bragança. 
(...)
A freguezia de Cabril, com sete lugares que são Cabril, Soanne, Chelo, S. Lourenço, Xertello, Azevedo e Lapella, para se unirem ao concelho de Ruivães, donde fica muito visinho, e distante do de Monte Alegre, aonde pertencem, de quatro a cinco legoas. Tem 65 fogos e 347 almas. 
A freguesia de Covello do Geres e tres lugares que lhe pertencem que são Covello, Sesta Freita e Penedas, para se unirem ao mesmo concelho de Ruivães que lhe fica conjuncto e distante de Monte Alegre quatro legoas. Tem 72 fogos e 225 almas.
A freguezia de Santa Maria de Ferral, com seus oitos povos, que são: Santa Marinha, Pardieiros, Viveiro, Villa Nova, Sidros, Ferral, Nugueiro e Sacozello, para se unirem ao dito concelho de Ruivães, por lhe ficar immediato e distante de Monte Alegre de quatro a cinco legoas. Tem tudo 117 fogos e 514 almas. 
A freguezia de S. Simão da Venda Nova, com seus quatro povos que são: Venda Nova, Codeçozo, Sangunhedo e Padrães, que ficão proporcionados ao concleho de Ruivães, distantes de Monte Alegre quatro legoas. Tem 32 fogos e 156 almas. 
Deve largar ainda para o mesmo concelho de Ruivães, da freguezia de Salto, os lugares de Paredes, Pomar de Rainha, Pereira e Amear, que ficam conjunctos do referido concelho, distantes de Monte Alegre de quatro a cinco legoas. Tem 37 fogos e 197 almas.
(...)
Nesta separação não se segue prejuizo lgum a esta villa, por ter hum termo muito extenso e, pelos povos sobreditos que accrescem á provincia do Minho, se lhe tirão do concelho de Baião os que se unem a esta, por se incorporarem na villa da Teixeira, annexa a Mezão Frio.

(...)

RUIVÃES
Esta villa hé da comarca de Bragança, donde dista vinte e duas legoas. Hé mais proprio pertença á nova comarca de Chaves, donde so fica em distancia de nove. Hé da Serenissima Casa de Bragança e á mesma deve ficar pertencendo. 
tem duas freguezias e dez lugares de termo. A situação em que se acha pede se conserve com juis ordinario que tem, unindo-se-lhe os lugares que se separarão da villa de Monte Alegre e ficão para este concelho mais proporcionados e muito distantes daquelle, os quais são: 
A freguezia de Cabril, com sete lugares que são: Cabril, Soanne, Chello, S. Lourenço, Xertello, Azevedo e lapella.
A freguezia de Covello do Geres e tres lugares que lhe pertencem, que são: Covello, Sesta Freita e Penedas.
A freguezia de Santa Maria de Ferral, com seus oito povos, que são: Santa Marinha, Pardieiros, Viveiro, Villa Nova, Sidros, Ferral, Nugueiro e Sacozello. 
A freguezia de S. Simão da Venda Nova, com seus quatro povos: Venda Nova, Codeçozo, Sangunhedo e Padrões. Da freguezia de Salto, os lugares de Paredes, Pomar da Rainha, Pereira e Amear, e todos tem 323 fogos e 1439 almas.
Nesta villa há so hum escrivão proprietario do geral. Hé necessario, para a boa administração da justiça, se crie outro com igual distribuição, visto accrescer-lhe o seu districto com mais 26 lugares, ficando o actual servindo na Camara, como até agora, e conservem-se os mais officiaes que há. Devem-se porem carregar os novos direitos competentes, que se hão-de diminuir aos escrivães de Monte Alegre. 
Ao capitão-mor deste districto tambem hé justo se lhe acresção os lugares que a este concelho se unem e se separão do termo de Monte Alegre, o que lhe não causa prejuizo pela muita extenção que tem. 



(...)


 


Extracto do arranjamento das comarcas da provincia de Trás-os-Montes, suas cidades e villas, as povoações que a cada huma pertencem, seus fogos e almas.


Excertos retirados do livro "Trás-os-Montes nos finais do século XVIII segundo um manuscrito de 1796" da autoria de José Maria Amado Mendes, Coimbra - 1981.

Foram recolhidas imagens e transcrições onde se encontra referenciada a Vila de Ruivães. As imagens têm melhor e maior visualização carregando nas mesmas.


Cruzeiro da Botica




Cores de Outono na Tojeira

Rua das Casulas (Vale)

Rua do Lugar (Vale)

Vista Barragem




Fotografia tirada na estrada da Devesa para a Serradela no fim-de-semana passado. 

Esta fotografia tal como outras que venho publicando são consequências das obras que têm acontecido na nossa freguesia. Quem me conhece, sabe o que eu penso. Quem não me conhece assim tão bem, pode ler ou reler o que escrevi aqui em Setembro de 2012
A maioria dos que lerem este artigo não perceberão o que quero dizer com este pequeno texto. Vem isto a propósito do poste anterior a este, que teve vários insistentes comentários todos na mesma ideia. Aconselho a ler as regras do comentário deste sítio desde Março de 2008
Paulo Miranda 

Cruzeiro da Botica




terça-feira, 17 de novembro de 2015

Farmácia de Ruivães




David Machado: «Convite para o lançamento do meu novo livro para crianças»


«Caros,
 
passados seis anos, eu e o Paulo Galindro (ilustrador de O TUBARÃO  NA BANHEIRA) temos novo livro para crianças. Chama-se UMA NOITE CAIU UMA ESTRELA e já está nas livrarias.
 
O lançamento é no próximo sábado, dia 21 de Novembro, às 15h30, na Ler Devagar da Lx Factory, em Lisboa. A apresentação do livro será feita pelo José Barata Moura.
 
Quero muito que venham celebrar connosco.
 
Abraços,
David»




Farmácia de Ruivães




segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A "Saudade"





Saudade, é um estado de espírito que abala qualquer mortal. Mexe com a nossa mente, dilacera o coração.
Saudade, como dizia o poeta, “é fogo que arde, sente-se mas não se vê”.
Saudade, é mal de que sofro onze meses em cada ano, e só se extingue no mês de férias que sempre passo em Ruivães.
Após percorrer centenas de quilómetros, quando chego à Devesa (ou “casa do Guarda florestal”) e logo de seguida descrevo a curva do Castelo, o coração parece querer saltar para fora da sua caixa, pois é o momento em que do outro lado do rio, placidamente recostado no sopé da Cabreira, vislumbro o velho casario de Ruivães, essa terra minha amada.
Ponho então em acção um ritual que já vem de longe, que é ao mesmo tempo que dou umas valentes buzinadelas, vou aos pulmões buscar todo o ar que contêm, e lanço um sonoro “berro”:
- Ruivães! Eu te amo!...
Minha mulher chama-me maluco, mas… só eu sei o que sinto!
Todos os anos chego a Ruivães um ano mais velho, mas na verdade o que me sinto é um garoto de doze anos, quando banhado em lágrimas fui de lá levado para ser “depositado” num colégio interno na Cova da Iria.
Só voltaria a Ruivães oito anos depois - estava na tropa – por motivo de um grande desgosto para mim, que foi o falecimento do meu avô. Foi ele que me criou, e eu não sabia se chorar por esse homem que foi o meu mentor e herói, se de alegria por ter voltado à terra que me viu nascer para a vida ao fim de oito anos de saudade acumulada no meu coração.
Com meu avô eclipsou-se toda a minha família em Ruivães, e em função disso nasceu em mim o temor de jamais aí voltar.
Mas voltei, outros oito anos depois. Quis o destino que viesse a constituir família com uma ruivanense, e então voltei quando fui pedir a sua mão à mãe dela.
Matei mais uma vez as saudades de tão longa ausência, e daí para cá eis-me em Ruivães em Agosto de cada ano, sentindo essa estadia como que uma ascensão ao Céu.
Não me falem de férias em locais paradisíacos. Para mim, o paraíso terrestre, foi criado por Deus no Norte de Portugal; chama-se Minho, e tem o seu epicentro entre a Cabreira e o Gerês, conhecido por Ruivães.
Já pisei três continentes, estive em três ex-colónias portuguesas, naveguei por três oceanos e dois mares, convivi com gentes de várias raças e culturas, e nada me cativou tanto quanto a essência do meu povo, os hábitos e simpatia da génese minhota, as serras, campos, rios e fontes, a vegetação que dá cor à minha terra tão amada. Sim, o paraíso está cá e eu sou de lá!
Ruivães! Só tu me levas à loucura. És definitivamente o meu grande amor!
Neste ano da graça do Senhor de 2015, lá estive uma vez mais, e após sorver o mesmo ar de quando vim ao mundo, ter reconfortado o coração no reencontro com os meus amigos de infância, como é meu costume parti para a descoberta de inovações na vila, e este ano destaco a intervenção no rio Saltadouro.
Quantas vezes lamentei mesmo aqui, o desprezo votado por quem de direito pelo rio que era ainda assim a razão de muitos ruivanenses aí irem de férias!
Porque não era aproveitado esse potencial, a jóia da coroa da nossa terra, levando o pessoal a procurar outros locais como as praias fluviais de Cabril e Padrões?
Por fim os olhos se abriram, os moucos deixaram de o ser, e eis que o meu querido rio se me deparou transfigurado, lindo quanto baste, um espanto ao olhar.
Fiquei deslumbrado, mais ficarei certamente quando se concluírem os trabalhos, com a construção da represa de que se fala.
Espero também, que se proporcione a quem lá se desloca “a pé” uma outra intervenção, que seria a cereja no topo do bolo, que é a limpeza do caminho que vai da Roca à base da ponte.
Esse caminho que todos nós utilizávamos tanto para o “Traves” como para o “Maria Pereira”, não só proporciona uma agradável frescura, como garante total segurança, ao invés da deslocação pela estrada, extremamente perigosa, com passeios inexistentes e os carros a arrasarem quem por aí circula.
E para meu tormento, Agosto chegou ao fim, lá parti para mais onze meses de saudade a roer-me por dentro, mas se Deus quiser, para o ano lá estarei.
Queridos conterrâneos, espalhados pelo mundo (e por cá), que vivem como eu o amargor da Saudade, não desprezem a vossa terra, amem-na porque foi nela que Deus nos fez vir ao mundo.
Viva Ruivães!

Manuel Joaquim F. Barros

Por entre as ramagens