Em breve contamos disponibilizar uma série de fotografias tiradas numa descida de rio que teve a Ponte de Ruivães como ponto de partida, mas para já apresentamos esta foto da Ponte "grande" de Ruivães, tirada esta manhã.
Em breve contamos disponibilizar uma série de fotografias tiradas numa descida de rio que teve a Ponte de Ruivães como ponto de partida, mas para já apresentamos esta foto da Ponte "grande" de Ruivães, tirada esta manhã.
Infelizmente mais um apontamento, ainda na zona da Ponte de Pedra, por sinal o mesmo de Setembro passado, pois a situação mantém-se.
Mais um apontamento, agora do caminho para a Ponte de Pedra, um local ideal para quem quiser ir a banhos neste Verão.
Nota: já aqui dissemos que não é função deste sítio criticar só por criticar, mas as imagens falam por si.
Não é função deste sítio criticar por criticar a actuação de uma qualquer entidade e até tentamos evitar, mas às vezes tem mesmo que ser, tal é situação com que nos deparamos.
No caminho que liga a Botica a Ruivães são muitos os buracos na calçada recentemente colocada que estão sem qualquer tipo de protecção (como este que está tapado pelas ervas) e que põem em risco quem por lá caminha; bem como as ervas que se amontoam pelas bordas dos caminhos e que impedem uma livre circulação.
Esperamos que esta situação seja reposta brevemente, até porque é o caminho que dá o acesso principal ao Cemitério de S. Cristóvão e é pena estar assim tão maltratado.
Com o olhar sobre a Serra da Cabreira, sentada no sopé da montanha que, ficticiamente construo, solto asas à imaginação e deixo-me conduzir por ela.
Neste estado de pensativa errante, uma questão brota, mais pertinente que as demais: falar num lugar é falar das suas gentes!
Numa viagem pelo tempo, recordo a infância, os percursos a fazer para a escola, por caminhos enlameados e cheios de salamandras. Vejo os campos a serem cultivados por diferentes gerações e amigos que da mesma sorte que eu não gozavam, impedidos de irem à escola.
As histórias contadas ao serão pelos mais velhos fazem-me, ainda hoje, viajar por épocas que desconhecia.
Lembro-me, particularmente, da história de Manuel, que não sendo ruivanense de gema, fez desta terra a sua. Fugido da Guerra Civil Espanhola aqui assentou arraiais e fez família. Com contactos em Espanha, sempre que subia aos montes para guardar os rebanhos que por lá se manteriam durante o Inverno, trazia da raia (o que era crime) cordas, sacholas, cordões e outros a quem tais favores lhe suscitava.
Histórias de fome e de vida! Numa altura em que tudo escasseava e nada era de desperdiçar, pagava-se a côngrua e sob o olhar atento da PIDE escamoteavam-se os passos.
E nas horas que se pensavam mortas seguiam pela ponte de Frades (Misarela) ouvindo a melopeia das águas, no encalço de conseguirem trazer para casa um naco a mais.
Bastava querer e sob a suposta bênção divina ou política fazia-se, como refere Bento da Cruz, na obra “Lobo Guerrilheiro”: “Chegou-me há pouco a informação de que, a pedido do Padre Júlio de Ruivães, capelão do Paiva Couceiro, aquando do ataque a Chaves, a quem o Tinente obedece como um podengo, foram destruídos os tanques da povoação de Chelo (…)”
Aldeias como Tourém, Vila da Ponte, Parada e Ruivães acolheram “clandestinamente” elementos da frente que se opunha ao regime franquista, que tantos crimes hediondos perpetrou.
Uma terra de apelidos pouco habituais que nos devem suscitar curiosidade e indagação como: Gil, Bárbara, Malaínho e Fraga entre outros, povoaram a nobre Ruivães, deixando-a hoje num estado de nostalgia. E se por nostalgia entendermos a ânsia de regresso, a saudade de volver a sua áurea, então é nostálgico este fado!
Caída no esquecimento do edil vieirense e recordada apenas pelo matiz eleitoralista. Ponto estratégico, de gentes e costumes ímpares, o edil tem-na votado ao distanciamento temporal. E a torrente enlameada e sufocante da desertificação que impera, suscita de forma Nietzschiana a música dionisíaca de transmutação e transfiguração da realidade, mormente associada à ideia de vitalidade e apelo à afirmação trágica da vida: o de desejar continuar a viver sem falsos moralismos, acatando a dor e o sofrimento. Qual sentimento trágico que imana na totalidade que a vida é!
Milan Kundera uniria indelevelmente a sua voz neste sopro dizendo: “A gigantesca vassoura que transforma, desfigura, apaga paisagens, trabalha há milénios, mas os seus movimentos, outrora lentos, quase imperceptíveis, aceleraram-se tanto….!
Carla Silva