Oitenta anos, já?... Que é feito daquele rapazinho franzino, endiabrado, que palmilhava com um andar trôpego as ruas e calçadas de Ruivães até à exaustão, em busca de outros como ele para fazerem tropelias, ir à fruta, jogar às escondidas ou de fisga na mão atirar aos pássaros?
Sou eu! Cheguei a esta idade, após ter vivido muitas atribulações, muitos amores e desamores, cruzei alguns mares e oceanos, respirei o ar de três continentes e vivi em muitos locais, mas se evoco o que de melhor me aconteceu na vida, logo me vem à ideia a minha infância nessa terra minha amada que é Ruivães, que deixei aos doze anos para me aventurar por esse mundo fora.
Daqui para a frente, e enquanto por cá andar, como já passei por tudo, acabei com planos e projetos de futuro, vivo um dia de cada vez, sem temor ao fim dos meus dias, plenamente consciente de que não sou eterno, e o dia de prestar contas a Deus chegará.
A morte, que para muitos só pronunciar a palavra os assusta, a mim não me mete medo. Shakespeare referiu-se a ela afirmando que: “a morte é uma lei geral; tudo o que vive tem de morrer passando pela vida a caminho da eternidade”. Também Sócrates (o filósofo grego, não confundir) disse; “ninguém sabe o que seja a morte, ninguém pode afirmar que ela não seja para o homem o maior de todos os bens”.
Ouvimos muitas vezes falar na “reencarnação” (na qual eu, católico assumido acredito), pois ela é um “dogma”, ou seja um dos pontos fundamentais de uma crença religiosa ou filosófica, um conjunto de princípios fundamentais do Cristianismo incontestável e indiscutível.
Nós, católicos, temos a afirmação da reencarnação quando rezamos a oração que nos foi ensinada, o “Credo”, onde se afirma que Jesus Cristo após ressuscitar “Voltará um dia para julgar os vivos e mortos, e o seu reino não terá fim”. Portanto a nossa morte é física, mas não espiritual, voltaremos à vida para sermos julgados. Nessa altura, sim há que temer, se o nosso comportamento na terra ofendeu a Deus. Concluindo, tenho a consciência tranquila, sou um velhinho imaculado, temente a Deus sim, mas de consciência tranquila.
Saudações aos meus conterrâneos – principalmente aos “velhos”.
Manuel Joaquim F. de Barros
2025-12-12




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