sábado, 27 de dezembro de 2025

«Homenagem a antigos combatentes em Ruivães e Campos»



A União de Freguesias Ruivães e Campos, com a colaboração do Município, na manhã de 19 de Agosto prestaram dignas homenagens a antigos combatentes na Guerra do Ultramar. Em Campos, foram 55 os que receberam guia de marcha para África e todos regressaram, enquanto de Ruivães, dos 134, três, José Vieira, Fernando Pereira e José Fraga, morreram ao “serviço da Pátria”. Nestas freguesias, junto às igrejas paroquiais, em dois monumentos em pedra granítica estão gravados os seus nomes para que sejam recordados pelos familiares e seus vindouros.
As cerimónias começaram pelas nove horas, em Campos, com celebração de uma missa na igreja Paroquial, presidida pelo pároco, Padre Fernando Machado, que teve o acompanhamento do grupo coral e do estandarte do Núcleo de Braga da Liga dos Combatentes. Participaram também na cerimónia, para além dos presidentes da Assembleia e Câmara Municipal, respectivamente, Luís Carneiro e Elsa Ribeiro, o ex-presidente da Câmara, António Cardoso, o presidente da União de Freguesias, Manuel Pereira, o Coronel António Estudante da Liga dos Combatentes, o Tenente Coronel Pinto da Costa, presidente das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, o presidente da AHBVVM, Carlos Branco e o Cabo da GNR Vítor Costa.
Após o Hino do silêncio, interpretado pelo maestro Cristiano Gonçalves, combatentes ou familiares de combatentes já falecidos receberam uma lembrança da Junta de Freguesia, seguida de intervenções de Pinto da Costa, que manifestou o seu sincero agrado, entusiasmo cívico e patriótico por ver concretizado esta homenagem de “culto de memória” e da gratidão devida, a quem deu à nação portuguesa, três ou mais anos da sua juventude, servindo a Pátria onde ela os chamou”. Seguiu-se a intervenção do presidente da Junta, Manuel Pereira, que agradeceu a presença das entidades e dos combatentes e “como representante político desta freguesia, sinto-me honrado por poder materializar esta merecida homenagem a tão generosos e distintos cidadãos que foram também valorosos combatentes ao serviço do país”.
Elsa Ribeiro que encer­rou as cerimónias, em ambas as freguesias, com um discurso emotivo prendeu a atenção de to­dos. Recordou conta­ctos que teve recentemente com familiares que “reivindicavam” estas homenagens. “Cumpre-nos a nós homenagear aqueles que saíram destas terras há mais de 50 anos. Ficaram marcados por uma guerra, longe das famílias, longe da sua terra natal. À medida que ia entregando as lembranças, diziam-me era o meu pai, o meu tio, o meu filho, o meu sogro. Ou seja não foi só os jovens que foram para a guerra. Foi a família que foi para a guerra com eles. A família que sofria tanto, por cada Natal sem eles na mesa. Por cada aerograma que não chegava, por cada carta que não era entregue pelo correio. Tudo is­so marcou uma popu­lação que está aqui, ho­je, com as lágrimas nos olhos. Essas lágrimas são de saudade, de reconhecimento. Mas, é revivendo, é homenageando que nós valorizamos todos estes jovens, estes menos jovens que deram o seu sangue por esta Pária. Estiveram neste contexto tanto tempo que não deviam ter estado. Na sacola pouco mais leva­vam que a esperança de voltar, muitas vezes até isso lhes foi roubado. Chorar não é sinal de fra­queza, é sinal de senti­mento, de saudade. É sinal de amor. Por isso não tenham receio que essas lágrimas saem do coração. Por isso estamos aqui hoje a homenagear estes nossos amigos as, memórias destruíram a sua felicidade, regressaram com sentimento de dor nos seus semblantes. Muitas dessas vivências. Sou professora e é importante que os nossos alunos, os mais pequenos tenham essa noção de quem foram estes heróis e ao passarem, por aqui e verem monumento, possam dizer foi o meu avô, o meu pai, o meu tio. Foi alguém que honrou Portu­gal com a sua bravura, com o seu sangue. Para todos estes ex-combatentes, para todas as famílias, para todos os que conviveram com eles, o nosso bem hajam, porque eles são, efectivamente os nossos heróis”.
Elsa Ribeiro também teve uma palavra de apreço pessoal, institucional, para o Padre Fernando. “ Sei que não foi fácil para ele fazer a homilia, hoje, porque também é familiar de alguém que está neste contexto”.
De referir que quer em Campos, às 9 horas e em Ruivães, às 11 horas, as cerimónias obedeceram a um protocolo gizado por Pinto da Costa e em ambas as localidades, a Junta de Freguesia ofereceu um lanche a todos e foram muitos, os que participaram nas cerimónias num dia de semana.

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